QUAL O SIGNIFICADO DA PALAVRA COGNIÇÃO?
A cognição diz respeito às capacidades que nos fazem pensar, perceber as coisas, obter, compreender e responder à informação. Estas incluem as capacidades para prestar atenção, para recordar, para trabalhar a informação, para resolver problemas, para organizar e reorganizar informação, para comunicar e para agir sobre a informação. Todas estas capacidades trabalham de forma própria e ligam-se umas às outras para nos permitir funcionar no nosso ambiente laboral, familiar e escolar.
As competências cognitivas são diferentes das competências académicas. As competências académicas incluem o conhecimento sobre diferentes temas, tais como literatura, matemática e história. As competências cognitivas dizem respeito à capacidade mental necessária para aprender a matéria académica e, em termos globais, para funcionar na vida diária. Os problemas de atenção, concentração e pensamento podem tornar muito difícil acompanhar o trabalho escolar, e mesmo estudantes que tinham sido excelentes alunos podem sentir-se desencorajados pelo tempo perdido ou pelo declínio dos resultados académicos.
QUAIS OS SINAIS QUE DEVEMOS PROCURAR?
• Capacidade de prestar atenção;
• Capacidade de recordar e relembrar informação;
• Capacidade de processar informação rapidamente;
• Capacidade para responder à informação rapidamente;
• Capacidade de pensar de forma crítica, planear, organizar e resolver problemas;
• Capacidade para iniciar um discurso.
Como é que os problemas cognitivos se manifestam na vida diária?
A disfunção cognitiva pode ser sentida de formas diferentes. Vejamos como cada um destes problemas cognitivos se pode manifestar.
Atenção – Algumas pessoas referem sentir dificuldade em prestar atenção quando as pessoas falam e lhes dão indicações. Outras acham difícil concentrar-se no que leem e dizem perder a continuidade dos aspetos mais importantes, especialmente quando leem por períodos longos. Também podem sentir dificuldade em prestar atenção a uma coisa enquanto outras estão a acontecer.
Podem distrair-se, ou pelo contrário, tornar-se tão envolvidas numa coisa que não prestam atenção a outras que estejam a acontecer. Desempenhar tarefas múltiplas, como por exemplo responder a uma pergunta de um cliente enquanto operam numa caixa registradora, torna-se difícil porque implica a divisão da atenção.
Quando um estudante apresenta quebra no rendimento escolar, pode começar a olhar para si próprio de forma negativa e pode preferir desistir a arriscar ter mais fracassos académicos. Perdem também a oportunidade de consolidar os conhecimentos adquiridos e hábitos de aprendizagem, ou pior, podem desenvolver um estilo de aprendizagem pobre.
As capacidades de prestar atenção, permanecer atento e de não nos distrairmos são importantes para o funcionamento social.
Memória – A capacidade de lembrar e recordar informação, particularmente o que se diz e se ouve, é frequentemente um indicador. As direções podem ser esquecidas, e a capacidade de recordar o que foi lido ou ouvido pode estar reduzida.
DCL – DEFICIT COGNITIVO LIGEIRO
Fruto do aumento da esperança média de vida do ser humano, a manifestação de deficit cognitivo ligeiro (DCL) é cada vez mais comum em pessoas idosas.
Chamamos DCL a uma situação de transição entre o envelhecimento normal e a demência. O deficit cognitivo ligeiro consiste numa perda de capacidades (memória, linguagem e atenção) não suficientemente intensa para que interfira com a sua vida diária mas reduzindo a qualidade de vida pela deterioração intelectual que provoca.
Os fatores de risco vascular, tais como a diabetes, a pressão arterial alta e o colesterol elevado podem contribuir para o declínio cognitivo. O tratamento eficaz destas condições é muito importante para a prevenção de qualquer aumento do declínio cognitivo no DCL. A obesidade e o tabagismo também aumentam o risco de declínio cognitivo e, se necessário, devem ser abordados.
AS IMPLICAÇÕES DO DCL
As implicações da deteção do DCL podem ser vistas como maioritariamente positivas. A maioria das pessoas com DCL está muito consciente e preocupada com os seus problemas cognitivos. Tomarem conhecimento de que têm DCL confirma que as suas preocupações são válidas e que não existe uma razão médica para os seus sintomas. Desta forma, podem colocar em ação estratégias para gerir os problemas que têm e acederem a serviços de apoio que os podem ajudar.
Ter conhecimento que apresentam um risco aumentado de desenvolver demência permite às pessoas com DCL planear a possibilidade de sofrerem uma deterioração no futuro, levando à implementação de ações que estabeleçam um estilo de vida ativo e saudável, o que pode ajudar a retardar o declínio cognitivo.
A IMPORTÂNCIA DE UMA VIDA SAUDÁVEL
Está demonstrada a importância do exercício físico regular para manter o cérebro saudável à medida que envelhecemos. Alguns estudos sugerem que existe uma redução do declínio cognitivo nas pessoas com DCL que praticam exercício físico regular, como por exemplo caminhar.
Manter uma dieta saudável também é importante para a função cerebral. A adesão à dieta mediterrânea foi associada a um menor risco de progressão do DCL para a demência. Esta dieta inclui muitas frutas, verduras, legumes, peixes, nozes e azeite. Os seus efeitos saudáveis são atribuídos aos antioxidantes e às gorduras insaturadas presentes nestes alimentos (1).
CURIOSIDADE: PODEMOS CONFIAR NAS PLANTAS MEDICINAIS?
Será que a ingestão de plantas medicinais pode travar o processo de envelhecimento e retardar a emergência de doença venosa quando existem casos na família? A resposta é afirmativa.
Segundo João Beles, «as plantas medicinais são o tratamento “anti-aging” mais usado em todo o mundo. Isto porque os vários estudos clínicos e epidemiológicos realizados nos últimos anos têm provado que o seu uso pode retardar em cerca de 10 a 20 anos o aparecimento de uma doença que a nível familiar costuma aparecer mais cedo».
O especialista afirma, ainda, que muitas pessoas com tendência genética para terem uma certa doença, ingerindo plantas medicinais, não chegam a desenvolver o problema (2).
O emprego das plantas no tratamento das doenças começou de maneira empírica, muitas vezes atendendo à forma das folhas, dos frutos, etc. por configurarem partes do corpo humano doentes, mas a experimentação foi selecionando as plantas de maior interesse.
A nível científico tem-se vindo a assistir a um grande interesse pelo estudo das plantas medicinais, não só no que se refere à sua constituição como às suas ações farmacológicas, que se tem apoiado na investigação na área da saúde e divulgação dos conteúdos em revistas e ao público em geral.
Assim, hoje a fitoterapia e o uso das plantas medicinais já não se baseia no uso tradicional, passando a estar, cada vez mais, apoiada em aspetos de qualidade, da eficácia e da segurança (3).
Numa época em que existem preocupações crescentes do público em geral sobre as questões do bem-estar e da saúde, existe uma preferência e uma procura cada vez maior pelos ingredientes naturais e vegetais, em detrimento dos produtos químicos, sintéticos e com efeitos tóxicos para o corpo humano. As plantas medicinais são, também por isso, uma escolha cada vez mais segura e acertada.
Fontes:
(1)Texto: Dr. António Nascimento Gomes
www.saudementalepsiquiatria.com
(2) Texto Daniela Gonçalves.
Revisão científica: João Beles (professor de Naturopatia do Instituto de Medicina Tradicional) e Dr. Serra Brandão (cirurgião vascular e diretor do Instituto de Recuperação Vascular em Lisboa).
(3) Cunha A P, Silva A, Roque O. Plantas e produtos vegetais em fitoterapia (2ª Edição) Fundação Calouste Gulbenkian, 2006.